4 de novembro de 2017

Descobrindo seu caderno de capa verde.

Estava com três panelas no fogo, ao som de ''galinha pintadinha vol 1'', tentando criar uma agenda virtual na minha mente para organizar a que horas iria criar as artes atrasadas dos clientes, selecionar as fotos da festa de um ano do Raphael que até hoje não revelei, assistir o vídeo-aula do novo projeto, responder os orçamentos pendentes, cobrar os formulários pagos, lembrar o André das coisas que ele tem que fazer no dia seguinte, divulgar novos trabalhos e ainda ficar sozinha para estudar e orar...

Foi quando um barulhão interrompeu toda a organização quase pronta na minha mente e gelou meu coração. - Quando nos tornamos mãe, qualquer mínimo barulho nos desespera, quando nosso filho não está ao alcance dos nossos olhos então, o barulho de uma agulha caindo no chão, se transforma em um meteoro caindo exatamente onde ele está brincando, chega a ser cômico!

Por dois segundos eu só imaginava que ele havia aberto a gaveta da comoda a fim de escalar até o topo e antes de chegar lá, a bendita virou em cima dele, - com certeza imaginei isso por conta do vídeo que vi onde um irmão tenta salvar o outro que ficou preso debaixo de uma cômoda, é, mães são seres, seriamente' estranhos.

Corri desesperada para o quarto de onde veio e barulho e me deparei com uma cena aliviadora, que me deixou irritada por uns segundos e me cobriu de amor até agora. Lá estava ele, todo curioso, inteligente e serelepe sentado no chão no meio de todas as minhas bijuterias espalhadas, com aquele caderno de capa verde apoiado nas pernas.

Aproveitei que ele não me viu e fiquei ali observando os trejeitos dele, foleando as páginas deixando leves amassados, viu uma foto e ficou um tempo olhando, observando, apontou e nomeou certinho, ''mamãe, papai'', mal entende que ele também está naquela foto, mesmo que ainda no meu corpo e coração.

Virou novamente a página e como se entendesse perfeitamente bem tudo o que estava escrito ali, ia passando o dedinho para todo lado e tagarelando frases, como se estivesse lendo tudo, como eu queria entender essa língua dele.

Fechou o caderno com força, procurou algo para riscar a capa, não encontrou, tacou o caderno no chão, deitou o rosto na capa e ali ficou tagarelando e fazendo gestos com os dedinhos enquanto jogava as pernocas cheias de dobras para o alto.

Eu juro que de primeira eu pensei em chamar atenção, por que ja perdi as contas de quantas vezes já reclamei dele puxar as coisas de cima da comoda, além dele ter quebrado uma maquiagem minha nessa brincadeira, mas não resisti.

Foi o primeiro contato dele com o seu caderno de capa verde. É lá que a mamãe babona aqui, escreve suas melhores lembranças dos primeiros anos de vida do seu cavalheiro, Raphael 

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